Quem se cala diante do
pecado, da injustiça e de falsas doutrinas não ama de verdade. A Bíblia diz que
o amor “…não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade” (1 Co
13.6). Várias passagens bíblicas sublinham o amor que Jesus demonstrava a todos
os pecadores, mas também esperava do pecador arrependimento de seus pecados,
não os cometendo mais. “O reino de Deus
está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Mc 1:15)
Controvérsias realmente são
desagradáveis. Já é extremamente difícil vencer o diabo, o mundo e a carne sem
ainda enfrentar conflitos e perseguições. Mas pior do que discutir é tolerar
falsas doutrinas, pecado e injustiça sem protesto e sem contestação. A Reforma
Protestante só foi vitoriosa porque houve discussões. Se fosse correta a
opinião de certas pessoas que amam a paz acima de tudo, nunca teríamos tido a
Reforma. Por amor à paz deveríamos nos curvar diante de imagens e relíquias até
o dia de hoje.
O apóstolo Paulo foi a
personalidade mais agitadora em todo o livro de Atos, e por isso foi espancado
com varas, apedrejado e deixado como morto, acorrentado e lançado na prisão,
arrastado diante das autoridades, e só por pouco escapou de uma tentativa de
assassinato. Suas convicções eram tão decididas que os judeus incrédulos de
Tessalônica se queixaram: ‘Estes que têm transtornado o mundo chegaram também
aqui’ (At 17.6).
João Batista não se
calou diante do pecado de Herodes ao dizer ao mesmo que não era lícito ele
possuir a mulher de seu irmão. A verdade as vezes dói, mas deve ser dita por
amor e visando arrependimento. Herodes se ofendeu com a verdade dita sobre seu
pecado, de tal modo que ele mandou prender João Batista, que logo mais tarde
foi decapitado. João Batista não se calou diante daquilo que era contrário a
palavra de Deus, ele pregou o arrependimento dos pecados.
João
Batista disse às multidões: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”
(Lc 3:8; cf. Mt 3:8). Fruto é um termo figurativo que se refere a boas obras,
ou seja, obedecer à vontade de Deus. Assim como um fruto é o produto de uma
fruteira, as boas obras são o resultado natural do arrependimento. João disse a
seus ouvintes: “toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se
no fogo” (v. 9). Resumindo, o arrependimento acarreta uma mudança de pensamento
a respeito de Jesus Cristo e a obediência aos seus mandamentos.
Se o nosso alvo
principal como cristãos é o crescimento das organizações e a manutenção da paz
e da harmonia apenas, deixando de pregar a verdade e o arrependimento dos
pecados, poderemos até fugir das polêmicas e da perseguição, mas não escaparemos
do tribunal de Cristo.
Autor: Vicente Alves